15 de novembro de 2014

A moral depende da cultura ?



Na sociedade humana ocidental surgiu uma obsessão ideológica no século XVIII a partir das ideias de Rousseau que associou o comportamento humano a influência que cada sociedade exerce sobre os indivíduos.

"Que saiba que o homem é naturalmente bom, que o sinta, que julgue o seu próximo por si mesmo, mas que veja como a sociedade deprava e perverte os homens;". 
Palavras de Rousseau em seu livro Emílio.

A alegação de Rousseau é que os humanos nascem bons e é a sociedade que os corrompe...
Em todas as sociedades humanas conhecidas, desde os egípcios, passando pelos persas, gregos, romanos, turcos otomanos, árabes, japoneses, chineses, coreanos, russos, astecas, incas, espanhóis, portugueses, ingleses, norte-americanos, alemães, etc, a norma são conflitos de toda ordem, guerras, opressão entre nações, e mesmo entre indivíduos os conflitos e ações "maldosas' de toda ordem sempre aconteceram.

O que temos então?
Temos que o lugar comum entre os seres humanos, em todas as sociedades, desde 7 mil anos atrás é o conflito de toda ordem e onde os indivíduos desrespeitam os bons padrões morais da sociedade e agem com "maldade".

Então, se formos apontar a cultura como responsável por essa falta de boa moral nos humanos teremos que culpar - a todas as sociedades que já existiram na humanidade!
Se formos culpar a cultura e os costumes das sociedade então não existiu uma que prestasse, todas são culpadas por distorcerem as virtudes morais dos bondosos humanos de Rousseau...

Entretanto, o interessante é que se formos pegar o que ensinavam os professores da antiguidade ou de qualquer época, como os filósofos gregos por exemplo, ou os mestres chineses, ou os monges cristãos ou budistas, ou os filósofos europeus da Idade Moderna, que são as mentes determinantes de cada uma dessas culturas - nunca nenhum deles jamais pregou o mal!

Será que Platão e Aristóteles, mentes determinantes do cultura grega, pregaram o mal?
- Não, todos sabemos que os filósofos gregos não pregavam o mal.
Então, por que na Grécia existiram maldades de toda ordem se por toda a existência dessa cultura os mestres gregos não pregaram o mal?
Como vamos culpar a cultura da sociedade grega que nunca pregou o mal pela maldade dos gregos?
Na minha opinião isso é um absurdo!

Os professores nas escolas brasileiras ao longo da nossa história, elementos fundamentais na formação da nossa cultura, pregaram o mal?   
Ao longo da história do Brasil as nossas músicas e cantigas antigas, as nossas histórias, os nossos escritores e compositores, as nossas poesias, as nossas festas, ou seja, o nosso folclore, todos formadores da nossa cultura pregaram o mal?
Me parece que não!
Talvez alguém possa colocar a culpa nas TVs, mas, a TV é algo recente, surgiu a 40 anos atrás e a "maldade" humana existe desde sempre.
Então de onde os defensores de que a cultura é a culpada pela "maldade" das pessoas tiraram a sua opinião?
- Não se sabe de onde!
Uma vez que nenhum elemento cultural prega a maldade.
Esse ideia é fruto de uma ideologia.

A ideologia por trás desse "conceito" que não se funda em fatos

Esse "conceito" de que a cultura da sociedade é a culpada pela maldade de seus cidadãos não existiu por toda a história humana, ela começou a existir a partir do momento em que os humanos começaram a melhorar de vida, a ter excelente qualidade de vida, conforto, foi nos últimos séculos que apareceram ideologias "salvadoras" que pretendem "educar" o ser humano para que ele seja bom.
Já que é a cultura a culpada, vamos "educar" o ser humano a ser bom pensaram os "salvadores da humanidade"!
E passaram a criar leis de toda ordem para obrigar as pessoas a serem bons.

O "conceito" de que a cultura é a culpada foi inventado pelo marxismo, o marxismo diz que a "burguesia" impõe sua dominação sobre os proletários através da "cultura burguesa", por isso disseminaram nas universidades de humanas, onde os "intelectuais" marxistas são maioria,  o "conceito" de que a maldade humana é causada pela sociedade, com isso querem legitimar o dogma marxista da dominação "burguesa" na sociedade.

Os maiores exemplos dessa forma de pensar foram os revolucionários da revolução francesa de 1789, esta revolução é sempre citada como iniciadora dos anseios de "liberdade e fraternidade", só que eles próprios, em nome dessa ânsia deceparam 4 mil cabeças de seres humanos em uma das matanças mais sangrentas da história humana!

 Essa foi a "fraternidade" que a revolução francesa praticou 
4 mil cabeças decepadas na guilhotina...
É essa a moral dos "bons" quando tomam o poder

Ou seja, os grandes defensores da cultura como culpada pela maldade humana usaram de maldade extrema decepando 4 mil cabeças humanas em nome da suposta "fraternidade"!

E ao longo da história humana depois disso se sucederam as matanças em nome dessa ideologia da "igualdade" e da fraternidade" em diversas nações do mundo.

Um exemplo espetacular dessa raça de gente foi Che Guevara, que em nome da "bondade" em nome da sua "nobre e humanitária" causa fuzilou muita gente de forma covarde, Guevara foi um legítimo herdeiro dos "humanistas" da revolução francesa decepadores de cabeças, vejamos um discurso dele:




A natureza humana

Os seres humanos não pedem para nascer, são colocados no mundo, e quando caem no mundo percebem que o mundo é um lugar muito agressivo, quando a 10 mil anos atrás um humano nascia ele corria o risco de logo ser devorado por um predador, uma vez que os humanos viviam nômades e ainda não tinham criado civilização e proteção dos muros da cidade, mesmo depois, dentro dos muros das cidades, o mundo continuava do mesmo jeito.
Os humanos tiveram que se adaptar a essa realidade e na escuridão da África o medo era uma constante, e milhares de anos vivendo nessas condições deixaram marcas indeléveis na mente dos humanos.

Na atualidade, ou de 200 anos para cá, com a melhoria da qualidade de vida, muitos humanos estão distantes dessa vida real em que a humanidade viveu por milhares de anos, e isso fez surgir muitos humanos que se esqueceram desse passado e passaram a viver em um mundo fora da realidade. Hoje existem humanos que abraçam árvores como se abraça um ente querido... uma clara distorçam da realidade.
Porém, cada ser humano tem um DNA diferente dos demais, e isso dá a cada ser humano diferenças fundamentais dos demais em talento, capacidade, vontade, e tb, em critérios morais.

Não é a cultura e costumes que determina a moral de um ser humano, é o seu DNA, o seu interior, e seu passado como espécie.

Da mesma forma que Picasso foi um ser único na pintura e não existiu nenhum ser humano igual a ele, existem seres humanos cuja moral, ou ética, ou dignidade, é diferenciada.

Em uma cultura como a do Irã, muçulmana, onde a imposição cultural é imensa, existem pessoas que não se submetem a essa cultura e se recusam a adotá-la.

Em uma favela onde todas as pessoas são submetidas ao mesmo dia-a-dia, a mesma cultura, vão na mesma escola, etc, existem pessoas que se tornam traficantes, e existem pessoas que não se tornam traficantes.
Se fosse a cultura que determinasse a moral das pessoas todos nessa favela deveriam ser iguais moralmente, porém, não são.

Cada ser humano tem dentro de si o que Freud chamou de "Superego", que se interpõe aos anseios do "Id" e do "Ego", o superego é um "juiz" moral dentro de cada ser humano que pode determinar as suas ações. Ego e Superego estão em constante conflito dentro de nós, sabemos desse conflito, quem já não ficou indo de um lado a outro mentalmente com relação a uma situação onde entra a moral? o resultado desse conflito determina nossas ações no que tange a moral.

Exemplos dessa realidade existem aos milhares, mas, o que move os que acham que a cultura é a responsável pela "maldade" humana não tem sua opinião norteada pela razão e pela evidência empírica, são norteadas pelo forte desejo que possuem de que a humanidade seja boa e fraterna - é uma ideologia, uma ilusão.

Vamos usar a Bahia como um exemplo, por favor, é só um exemplo, poderia usar qualquer outro estado do Brasil, a Bahia tem uma cultura e costumes bem peculiares, até a roupa das baianas é típica apenas delas, mas, podemos garantir que todos os baianos vão agir da mesma forma diante da mesma situação moral? Acredito que não. Quando se trata de futebol por exemplo (eu poderia usar muitos outros exemplos), os torcedores do Vitória e do Bahia tem avaliações morais diferentes sobre o juiz de uma partida entre ambos...
Se fosse a cultura que definisse a avaliação moral todos deveriam avaliar o juiz moralmente da mesma forma, mas, não, os torcedores do Vitória, ou do Bahia, avaliam o juiz moralmente segundo sua paizão pelo time e não segundo sua cultura.

Mas, nem diante deste fato concreto de que os baianos torcedores do Vitória ou do Bahia, mesmo sendo pertencentes a mesma cultura, usam uma moral diferente para avaliar o juiz de uma partida entre seus times, os defensores da tese "cultural" como causa da 'maldade" humana não arredam pé de suas opiniões, parecem estar "cegos", nada veem que demonstre que a tese que defendem não se funda em fatos.

Sobre a sociedade ser a origem da moral

Uma coisa é dizer que "sem um grupo e sua orientação de certo e errado, não há moral, já que ela é observada a partir da ação dentro de um contexto e em relação a um outro externo a nós.".

Quanto a isso podemos afirmar que, sim, é no grupo, ou na sociedade, que aparece a noção de certo e errado moralmente falando, isso não resta dúvida!

Outra coisa bem diferente é dizer que é a orientação do grupo, ou da sociedade, que deprava e perverte os membros do grupo como Rousseau disse..

Nenhum agente da cultura ou costumes do grupo ou da sociedade democrática orienta seus membros para serem depravados e pervertidos...
Então, culpar a sociedade pela perversão de seus membros é um absurdo que apenas uma ideologia cega pode imaginar.


Em situações de crise é que vamos ver claramente a moral das pessoas! 

A cultura e costumes pode fazer as pessoas agirem segundo ela em condições normais, mas, em situações de crise, onde afloram amor, ódio, inveja, ciúme, desejo sexual, cada pessoa age de acordo com o seu padrão interno de moral, definido pelo seu DNA.

Uma pessoa com ciúme age moralmente de acordo com as reações típicas do ciúme, em qualquer cultura o que vai determinar a ação da pessoa é o ciúme e não a cultura, assim é para a inveja, ódio, ou desejo sexual.

Vou  citar um exemplo recente, o naufrágio do navio italiano de turismo, o Costa Concórdia.
Nele estavam pessoas de várias partes do mundo, ou seja, de várias culturas diferentes, antes do naufrágio todos agiam de forma cortês e sem desvio moral, porém, na hora do naufrágio, segundo relatos que confirmei, aconteceram cenas degradantes no aspecto moral, crianças e velhos foram pisoteados, pessoas saudáveis usaram de força para entrar nos barcos para se salvarem, e o próprio capitão do navio cuidou de salvar a sua pele em vez de orientar os trabalhos de salvamento.
Mas, mesmo diante desse exemplo claro de que não é a cultura o fator determinante da 'maldade" humana existem aqueles que continuam de forma arraigada presos aos seus desejos de fraternidade!
No navio existiam pessoas de todo o mundo, árabes, japoneses, americanos, italianos, russos, etc, a maioria deles não agiu moralmente em função da cultura de sua sociedade, agiram em função do seu medo, mesmo assim existe pessoas que continuam a achar o contrário o contrário!
O que podemos acrescentar é uma pergunta:  algum dos agentes culturais da sociedade ensina que as pessoas devam pisotear crianças e velhos para se sakvarem em um naufrágio?
Não, não ensinam isso.

Existe uma frase que mostra o que move as pessoas que mesmo diante das evidência empíricas continuam firmemente defendendo seus desejos de que o ser humano seja bom:

"Eu tenho muita esperança na humanidade e esse tipo de pensamento julgador...".

Ou seja, não se trata para essa pessoa de ter uma discussão para chegar mais perto da verdade, não, se trata de um desejo dessa pessoa, mais ainda, se trata de uma esperança, de um sonho idealista, é isso que a move.

Isso se chama ideologia, não é a razão que move as ideologias, é a ilusão na esperança de "um mundo melhor" ... e tais pessoas não vão mudar nunca de opinião, pois para elas esse desejo é um valor, um valor moral que as coloca em um outro plano, em um plano daqueles que querem a "fraternidade" mesmo diante da realidade.


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