17 de dezembro de 2015

O que é cultura?



A "cultura" tem realmente a grande importância que lhe é dada?
A questão da "cultura" nunca teve a enorme importância entre pensadores como lhe é dada na atualidade.

Nenhum filósofo desde a Grécia Clássica até Nietzsche dedicou seu tempo a esse tema.
A importância dada a questão "cultural" é um tema recente, surgiu por razões ideológicas, surgiu com o marxismo "cultural".

Os "intelectuais" marxistas inconformados com a não implantação dos domas marxistas na sociedade ocidental, depois do fim da primeira guerra mundial, chegaram a conclusão que o marxismo não era aceito no ocidente por causa da "cultura" ocidental.
Na cabeça deles a cultura ocidental era uma cultura "burguesa" e seus valores, a saber: a moral cristã, a família "burguesa", a filosofia e o Direito, impediam que os "proletários" tivessem "consciência de classe".
Para os "intelectuais" marxistas a cultura ocidental era o meio de dominação da "burguesia" sobre os "proletários".
Todas essas teorias existiam unicamente da cabeças deles e eles jamais comprovaram empiricamente tais coisas.

Mas, essa insanidade é algo muito forte e persistente, mesmo sofrendo inúmeras derrotas os "intelectuais" continuaram a propagar essa ideia nas universidades da área de humanas do ocidente e depois de 80 anos de persistente doutrinação já existem muitos que sofreram a influência dessa doutrinação, muitos nem mesmo sabem disso, e estão dando continuidade a ideia marxista na sociedade.
Por isso vemos hoje a grande importância dada a "cultura", uma ação que parece um algodão doce, é bem grande, mas se sintetizarmos sua importância se torna uma bolinha.

REVISTA SUPERINTERESSANTE
Até onde vai o espírito humano ?
Nesse texto a linguagem, as artes plásticas, a ciência, as formas de lazer, a religião, o esporte e até a guerra são todos partes da cultura!

Vamos colocar algumas coisas sobre o texto do artigo e sobre o tema.
O texto afirma: "No seu sentido mais amplo, é tudo aquilo que a inteligência humana é capaz de realizar. "
Isso é um exagero sem fundamento, uma distorção
Outro trecho:
"A linguagem, as artes plásticas, a ciência, as formas de lazer, a religião, o esporte e até a guerra são todos partes da cultura humana."
Essas coisas todos os povos fazem, esporte, hoje no mundo todos jogam futebol, agora isso lá é "cultura"?

Guerra é cultura?

Lazer, muitos gostam de ir andar ou correr em algum lugar, isso é no mundo todo, agora isso lá é cultura?
Esse tipo de generalização distorce o que é cultura.
A intenção do marxismo "cultural" é transformar tudo que o ser humano faz em "cultura" para assim justificar os dogmas marxista.

A capoeira é cultura, cultura baiana, o chimarrão é cultura, cultura gaúcha, o frevo é cultura pernambucana, etc, agora, a língua portuguesa que todos tem em comum não é cultura.
Comer com dois pauzinhos é cultura japonesa, os homens andarem de "saias" é cultura escocesa, os Lusíadas é cultura portuguesa e a "Garota de Ipanema" é cultura carioca, comer carne seca e farinha de mandioca é cultura nordestina, e por ai vai.
Religião, na Índia existem cristãos, mas, dai a dizer que a religião cristã faz parte da cultura indiana é um exagero.

Chimarrão, faz parte da cultura gaúcha.

Capoeira, faz parte da cultura baiana.

Cultura é específica, algo que só um determinado povo incorporou aos seus usos e costumes.

Fumar tabaco, era uma tradição da cultura indígena na América.
Fumar fazia parte da cultura dos índios.
Essa cultura não foi imposta por uma "elite",
essa cultura era algo natural que veio do povo.
A cultura nasce no meio do povo, se não for assim não é cultura.
Obs. o tabaco é uma planta originalmente da América, dos Andes.

E claro, a cultura jamais foi uma forma de dominação, por uma razão muito simples:
A cultura nunca vem de cima para baixo, a cultura nasce no meio do povo.
Não foi a "elite" que impôs o frevo aos pernambucanos, ou a capoeira aos baianos, ou o chimarrão aos gaúchos... foram as gentes do povo que a criaram.
E este fato refuta o marxismo "cultural" e todos os seus seguidores "intelectuais" que querem impor que "a cultura" determina a ação das pessoas.
Em Pernambuco existem aqueles que não gostam de frevo e existem gaúchos que não tomam chimarrão.
A cultura não é uma imposição, é uma opção.

 Será que foram os índios norte-americanos,
que "impuseram" aos chineses o gosto por fumar?
Claro que não!  Foi uma opção dos chineses fumar,
pelo simples fato que gostaram de fumar.


***



A luta entre o ser ressentido contra o ser produtivo

Como seria a vida das pessoas em uma sociedade humana onde a expectativa de vida média fosse 25 anos?
Digamos, a maioria das pessoas nasciam e não chegavam até a idade adulta, uma sociedade onde velhos eram poucos!
Pois esta foi a realidade humana por milhares de anos!
Em todas as épocas, desde a antiguidade, na Grécia Clássica de Platão e Aristóteles, na Roma Imperial, na idade média, tanto na Europa cristã ou no mundo muçulmano, na idade moderna do mercantilismo escravocrata, até o início do século XIX, por todo esse tempo - os seres humanos viviam em média até 25 anos...
O que aconteceu na história humana no século XVIII e XIX que mudou essa dura realidade humana?
- O que aconteceu foi que na Inglaterra a monarquia absolutista mercantilista foi tirada do poder e um Parlamento composto por representantes eleitos nos diversos setores da sociedade, inclusive dos nobres, assumiu o poder, e este Parlamento nomeava um Gabinete com um primeiro-ministro e ministros nomeados por ele, que governavam a Inglaterra.
Esse sistema existe na Inglaterra desde 1707 até hoje.
Foi a primeira democracia representativa moderna.
Algumas décadas após (1750-1850) começou, também na Inglaterra a Revolução Industrial com diversas invenções, como o motor a vapor e as máquinas em geral, essa tecnologia substituiu a produção artesanal pela produção industrial, o trabalho que antes era manual passou a ser feito por máquinas com "divisão do trabalho" de trabalhadores em linhas de produção industrial.
Os trabalhadores que desde a antiguidade eram ou escravos ou servos, passaram a trabalhar por um salário, inicialmente baixo, mas, com o passar do tempo o salário foi melhorando gradativamente até atingir valores que propiciaram ao trabalhador ter uma boa qualidade de vida.
As mercadorias que antes eram caras e restritas a nobreza e ao clero, com a grande produção industrial e da "divisão do trabalho" diminuíram de preço e a população em geral teve acesso a elas.
Com a Revolução Industrial e as invenções que aconteceram o povo passou a ter acesso também a higiene, esgotos, água encanada, luz elétrica, melhoria na saúde e nos alimentos, melhoria nos transportes e nos remédios, as vacinas contiveram as pestes que antes matavam milhões, os antibióticos contiveram as inflamações, e hospitais com higiene e tecnologia passaram a cuidar dos doentes, as pessoas tiveram condições financeiras de comprar casas boas para morar, e com isso tudo a expectativa de vida dos seres humanos melhorou repentina em pouco mais de 100 anos!
A democracia parlamentarista inglesa e a revolução industrial inglesa foram as causas iniciais dessa transformação para melhor nas condições de vida do povo.

A seguir temos os dados da Encyclopædia Britannica ao longo da existência humana:
Época - Expectativa de vida
Paleolitico - 33 anos
Neolitico - 20 anos
Grécia Clássica - 28 anos
Império Romano - 25 anos
Pré-colombiano - 28 anos
Idade Média, muçulmanos - 35 anos
Idade Média, feudalismo, Europa - 30 anos
Idad3e Moderna, mercantilismo - 30 anos
Final do século XVIII - 31 anos
Atualidade, média mundial - 67.2 anos

Fontes:
http://global.britannica.com/EBche…/…/340119/life-expectancy
http://en.wikipedia.org/wiki/Life_expectancy

O sistema político-econômico iniciado na Inglaterra que propiciou essa grande melhoria na vida dos seres humanos tem o nome de Liberalismo, foi teorizado por John Locke e Adam Smith, expoentes do Iluminismo Escocês.
Porém, Karl Marx, devido a problemas pessoais e humilhações por cobranças de dívidas feitas quando saiu de casa em Trier aos 17 anos e foi para Bonn estudar Direito, o que desvirtuou sua vida até então cristã, e passando a ser, já aos 18 anos quando foi para Berlim estudar filosofia, um ateu com profundo ódio da sociedade - como sendo o "capitalismo" e por ele declarado ser um sistema opressor e malvado... e que deveria ser destruído! Isso se tornou a ideologia abraçada pelos ressentidos do mundo.
Devido ao marxismo o "capitalismo" é hoje em dia odiado por milhões de seres humanos que foram enfeitiçados pela ilusão ideológica do "transformar o mundo" destruindo a sociedade atual.
É esta alucinação que domina na sociedade ocidental na atualidade...
Uma luta entre o ser ressentido contra o ser produtivo.


***




Sobre o termo "burguesia" e as suas origens históricas.



Existem dois significados principais diversos:
1. o provindo do movimento de populações na Europa no final da Idade Média (Feudalismo);
2. e o significado ideológico inventado pelo marxismo.

Em algumas regiões da Europa depois da Peste Negra (1350) que dizimou milhões de pessoas que habitavam as cidades da Europa, os habitantes dos feudos saíram deles e foram para as cidades, nelas criaram zonas de habitação que ficaram conhecidas como "burgos", tais habitantes não necessariamente foram chamados de burguesia, mas, podiam ser.
Essa designação é muito diferente da designação marxista "burguesia".
"Burgueses" para Marx eram os donos dos "meios de produção" que exploravam os proletários roubando deles a "mais-valia".
Ou seja, eram os donos de indústrias que empregavam trabalhadores pagando a eles um salário pelo trabalho.

Então, para Marx tais empregadores eram "burgueses", "capitalistas", que exploravam os trabalhadores.
Porém, quanto ao termo usado por Marx - burguesia - não existe nenhuma prova de que tais empregadores tenham no passado residido em burgos!
Tanto o termo "burguesia" como "capitalismo" foram forjados por Marx para funcionarem como slogans ideológicos para os comunistas gritarem.
Vamos abrir aqui um parênteses para dar a palavra a Bakunin, o líder anarquista contemporâneo a Marx, vamos ver a opinião de Bakunin com respeito a Marx e Engels e o uso do termo "burguês" por eles, uma opinião importante pois trata-se de uma narrativa de acontecimentos reais que Bakunin presenciou:

Recollections on Marx and Engels Written: 1869.
https://www.marxists.org/reference/archive/bakunin/works/various/mebio.htm

"Os proletários alemães, Bornstadt, Marx, Engels, especialmente Marx, envenenaram a atmosfera.
Com vaidade, maledicência, intriga, ambição, arrogância e ostentando covardia na teoria e na prática.
Dissertações sobre vida, ações e emoções, mas com completa ausência de vida, ação e emoção, ausência total de vida.
Repugnantes elogios mútuos, e discurso vazio.
Segundo eles, Feuerbach é um "burguês", o epíteto BOURGEOIS! é gritado a exaustão por pessoas que são da cabeça aos pés burguesas mais do que ninguém, em suma, insensatez e mentiras, mentiras e insensatez.
Nesta atmosfera ninguém pode sequer respirar livremente.
Eu me mantive afastado deles e tenho declarado abertamente que não vou para a sua Kommunistischer Handwerkerverein [Sociedade dos Sindicatos Comunista], lá não vai ter nada a ver com esta organização.”

Mikhail Bakunin, 1869.

Continuando...
O nome correto dos donos de indústrias é "empresário" ou "empreendedor."
E o nome do sistema de livre mercado é "Liberalismo".
Marx cometeu uma grave omissão histórica, Marc faz uma ligação direta do feudalismo para o "capitalismo"!
E isso é ensinado nas faculdades do ocidente, em especial no Brasil.

Marx desconsiderou que entre o feudalismo e o "capitalismo" existiu toda uma época histórica na política e na economia europeia, o Mercantilismo, onde o trabalho era escravo.
A chegada ao estado democrático inglês de 1707 e a democracia no EUA em 1776 passou por todo um processo histórico que começou em 1640 na Inglaterra, e, não foi feito por burguesia alguma, simplesmente porque ela não existia, e o sistema de livre mercado com divisão do trabalho assalariado só foi possível a partir de 1800 devido a Revolução Industrial entre 1750 - 1850.
Os direitos individuais só foram surgir pela primeira vez na humanidade na Declaração de Independência do EUA, 300 anos depois do fim do feudalismo.

Então temos:
Idade Média - entre 500 d.C a 1500 d.C.
- Produção exclusivamente rural
- trabalho servil, o servo trabalhava nas terras do senhor feudal e dividia com ele a colheita.
- sistema político - feudalismo, existia um rei, mas, o poder estava nas mãos do senhor feudal.
Idade Moderna - entre 1500 d.C a 1800 d.C.
- Produção rural e comércio extrativista e mineral nas colônias.
- trabalho escravo nas colônias.
- sistema político - mercantilismo, o poder estava nas mãos do soberano absolutista, na metrópole.
Idade Contemporânea - entre 1800 até a atualidade.
- trabalho rural mecanizado, trabalho industrial com divisão do trabalho, comércio mundial. Liberalismo.
- produção agrícola, industrial e de serviços.
- sistema político - democracia representativa, Estado de Direito, Liberalismo.

Importante ressaltar que muitos países da América Latina (Brasil), África e Ásia nunca conseguiram chegar ao estágio liberal na maior parte dos casos devido a governos ditatoriais e corruptos que impediram a criação de instituições democráticas que pudessem dar sustentação ao sistema.
E também, importante lembrar, no século XX, 50 nações foram socialistas, mais de dois bilhões de pessoas estiveram sob o regime socialista e somente recentemente conseguiram se livrar do socialismo.
Por isso, jamais passaram perto do Liberalismo.


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Por que juízes ganham bem mais que professores ?

De início devemos destacar que não apenas professores tem salário baixo em relação a juízes, enfermeiros/as, policiais militares, lixeiros, trabalhadores em serviços públicos como água, luz, gás, esgotos, saúde pública, etc, também ganham pouco em relação a juízes apesar de trabalharem em serviços chamados "essenciais" para a sociedade, mas, que não são tão essenciais assim pelo salário que recebem.

Outro fato a se destacar é que isto não ocorre apenas no Brasil, isso ocorre, em maior ou menor grau, em todas as nações não desenvolvidas ou em desenvolvimento, países da África, América Latina, Oriente Médio (com exceção de Israel e, talvez, em ricos como Arábia), Ásia Meridional, Oceania (com exceção da Austrália e Nova Zelândia), nestas condições também possuem essa disparidade de salários entre juízes e professores, e demais profissões.

Mas, temos um outro fator a destacar, não são apenas juízes que tem salário alto em relação aos demais nestes países.
Existem outras profissões que também tem.
Por exemplo pilotos de avião de grandes companhias áreas ou de jatos executivos também ganham altos salários.
Médicos também em geral ganham altos salários.
Advogados criminalistas ganham altos salários.
Políticos ganham altos salários.
Executivos ganham altos salários.
E, por último, países desenvolvidos que possuem alto PIB per capita, tais como Alemanha, Holanda, Japão, Austrália, Canadá, Suécia, etc, neles a diferença é bem menor, os salários daquelas profissões que em países não desenvolvidos são baixos, neles sobem de valor e chegam perto dos altos salários.

Qual seria a causa destas disparidades ?

Na minha opinião são duas as causas;
1. o baixo PIB per capita nos países pobres.
2. a prioridade que o povo em geral atribui a tais profissionais.

O PIB per capita baixo força os salários da população a serem baixos.
Mas, por que não são todos baixos ?
Por que alguns, como os dos profissionais citados, são mais altos enquanto o restante é baixo?
Porque, na minha opinião, o povo respeita e dá grande importância, da prioridade, para tais serviços.
Ninguém dúvida que sua vida está nas mãos do piloto em uma viagem aérea entre o Brasil e Portugal!
As pessoas dão importância aos pilotos de avião, os respeitam é até mesmo os enaltecem.
Por isso pilotos ganham mais.
Muitos podem falar mal de políticos, mas, ninguém, via de regra, se nega a dar a mão ao prefeito da cidade, a um deputado federal, e tirar uma foto com Lula presidente então seria a glória para muitos!
Políticos, no "tete a tete", são gente respeitada pelo povo, por isso ganham mais.
O povo sabe que juiz "manda prender e manda soltar", e ninguém quer estar como réu na frente de um juiz! Juízes são gente respeitada pelo povo porque o povo sabe que da decisão deles depende a vida das pessoas, por isso eles ganham mais.
Médicos é até desnecessário falar, deles depende a vida das pessoas.
Advogados criminalistas também ganham bem porque podem tirar o sujeito da cadeia, as pessoas em geral não gostam de advogados, mas, os respeitam, e quando um filho vai preso os pais pagam o que um bom advogado pedir para tira-lo da cadeia, é também uma questão vital.
Executivos ganham bem porque deles depende a vida de uma grande empresa e de todos os milhares de empregados que trabalham nela, por isso eles ganham bem.
Então, em nações pobres, a sociedade "rateia" dinheiro para pagar melhor tais profissionais que consideram importantes, por isso eles ganham mais mesmo sendo um país pobre.
E se fosse pagar um salário mais alto para professores também teria que pagar para os demais, e isto é economicamente inviável em países pobres.
E tem uma outra profissão em que os expoentes, mesmo em países pobres, ganham salários altíssimos - jogadores de futebol, não todos, apenas os grandes craques, tais craques ganham entre 300 a 400 mil reais por mês no Brasil!
E ninguém reclama disso!
E não são poucos no Brasil...
Por que?
Porque o povo os adora.
Um exemplo internacional. Bill Gates, por que Bill Gates se tornou o homem mais rico do mundo?
Porque ele inventou o Windows, o Word, o Excel, mercadorias para as quais o povo deu grande importância e o mundo inteiro usa, por isso Bill Gates recebeu altos salários e ficou bilionário.
Porque o povo dá importância para o que ele faz.


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A causa do preconceito segundo Sartre


Sartre tinha parte de seu sangue dos judeus, por parte de mãe, e talvez por isso tenha se interessado em falar sobre a questão judaica.
A guerra e o holocausto com certeza também deram a ele a motivação para falar do assunto.
A filosofia de Sartre era existencialista, mas, no caso da sua opinião sobre a questão judaica, na minha opinião, esta mais para uma "crítica social" do que para existencialismo.
Em todo caso, as palavras de Sartre são importantes e no meu entender ele vai no cerne da questão e identifica corretamente o que move o "anti" semita no caso.
Vou colocar a seguir trechos escritos por Sartre, nada melhor do que a própria palavra do autor para explicar o que ele pensa.
Ao fim dos textos vou expressar rapidamente a minha opinião.

“Fica evidente que nenhum fator externo pode levar o anti-semita ao anti-semitismo.
O anti-semitismo é uma escolha livre e total de si mesmo, é uma atitude global que alguém adota não aomente para com os judeus, mas para com todos os seres humanos, com a história e a sociedade, é tanto uma paixão quanto uma visão de mundo..."
“O homem racional procura angustiosamente a verdade, sabe que seus raciocínios são apenas prováveis, de que outras considerações vão colocá-los em dúvida; nunca sabe bem para onde está indo; é “aberto”, pode até ser tomado por hesitante.
Mas existem pessoas que são atraídas pela constância das pedras.
Querem ser maciças e impenetráveis, não querem mudar – pois aonde a mudança as levaria?
Trata-se de um medo primordial de si mesmos e um medo da verdade.
E o que as assusta não é o teor da verdade, do qual nem desconfiam, mas sim a forma do verdadeiro, esse objeto de contornos indefinidos.
É como se a própria existência dessas pessoas estivesse permanentemente em suspenso.
Mas, elas querem opiniões adquiridas, querem opiniões inatas, como têm medo de raciocinar, querem um modo de vida no qual o raciocínio e a indagação tenham papel apenas subalterno, no qual só se busque o que já se descobriu, no qual o que já é nunca se transforme.
Para isso, resta apenas a paixão.
Apenas um forte preconceito pode produzir uma certeza fulgurante, apenas ele pode subjulgar o raciocínio, apenas ele pode permanecer impermeável à experiência e durar toda uma vida.
O anti-semita escolheu o ódio porque o ódio é uma fé; antes de mais nada, preferiu desvalorizar as palavras e as razões.
Agora se sente à vontade, e as discussões sobre direitos dos judeus lhe parecem fúteis e levianas – pois logo de início ele já se colocou em outro terreno.
Se, por cortesia, consente em defender por um instante o seu ponto de vista, ele se presta a fazê-lo, mas na realidade não o faz e simplismente tenta projetar no plano do discurso a sua certeza intuitiva.”
“O anti-semitismo não existe apenas pelo prazer de odiar, acarreta também prazeres positivos: tratando o judeu como ser inferior e pernicioso, está também afirmando que pertençe a uma elite.
E esta elite é muito diferentemente das elites modernas que se baseiam no mérito e no trabalho, assemelha-se em tudo a uma aristocracia de sangue.
Não preciso fazer nada para merecer minha superioridade, e não há como perdê-la.
É dada para sempre – é uma coisa.”
“As associações anti-semitas não querem criar nada, recusam-se a assumir responsabilidades, tem horror a se apresentar como um segmento da opinião pública francesa, pois nesse caso precisariam estabelecer um programa e buscar meios de ação legal.
Preferem se apresentar como a expressão absolutamente pura e absolutamente passiva do sentimento do país real em sua indivisibilidade”
“Agora estamos em condições de entender o anti-semita.
É um homem que tem medo.
Certamente não dos judeus; mas de si próprio, de sua consciência, de sua liberdade, de seus instintos, de suas responsabilidades, da solidão, da mudança, da sociedade e do mundo – de tudo exceto dos judeus.
É um covarde que não quer confessar sua covardia, um assassino que reprime suas tendências homicidas sem conseguir refreá-las e que, no entanto, só se atreve a matar em efígie ou no anonimato da turba, um descontente que não ousa revoltar-se por medo das conseqüências da revolta.
Aderindo ao anti-semitismo, não adota apenas uma opinião, mas escolhe também a pessoa que quer ser.
Escolhe a constância e a impermeabilidade da pedra, a irresponsabilidade total do guerreiro que obedece a seus chefes – e ele não tem chefe.
Escolhe não adquirir nada, não merecer nada, que tudo lhe seja dado de nascença – e ele não é nobre.
Finalmente, escolhe que o Bem já esteja pronto, fora de questão, ao abrigo de qualquer perigo; não se atreve a encará-lo por medo de ser levado a contestá-lo e a procurar outro.
Nisso, o judeu não é mais do que um pretexto: em outro lugar, o negro, o amarelo servirão.
A existência do judeu simplesmente permite ao anti-semita sufocar suas angústias no nascedouro, persuadindo-se de que seu lugar no mundo já estava determinado e o esperava e de que, pela tradição, ele tem o direito de ocupá-lo.
O anti-semitismo é, em resumo, o medo em face da condição humana.
O anti-semita é o homem que quer ser rocha implacável, torrente furiosa, raio destruidor – tudo menos homem.”
“O (judeu é) homem social por excelência, já que seu tormento é social.
O que fez dele judeu foi a sociedade, e não a vontade divina, foi ela que deu origem ao problema judaico, e, como o judeu se vê obrigado a definir-se totalmente nas perspectivas desse problema, é no social que ele define sua própria existência.
Seu projeto constitutivo de integrar-se na comunidade nacional é social, social é o esforço que faz para pensar-se a si mesmo, ou seja, para situar-se entre outros homens, sociais são suas alegrias e seus pesares – porque é social a maldição que pesa sobre ele.
Por isso, se lhe reprovam sua inautenticidade metafísica e lhe dizem que sua eterna inquietude faz-se acompanhar de um positivismo radical, também é necessário lembrar que tais críticas voltam-se contra quem as formula, o judeu é social porque o anti-semita o fez assim.”
“Entendemos com isso que todas as pessoas que colaboram através de seu trabalho para a grandeza de um país têm pleno direito à cidadania.
O que lhes dá esse direito não é a posse de uma ‘natureza humana’ problemática e abstrata, mas a participação ativa na vida social.
Isso significa, portanto, que os judeus, assim como os árabes ou os negros, têm direito de intervir na empreitada nacional porque também são responsáveis por ela.”


Vou salientar um aspecto do pensamento de Sartre que acho importante:
"O anti-semitismo é uma escolha livre e total de si mesmo, é uma atitude global que alguém adota não somente para com os judeus, mas para com todos os seres humanos,"
"Nisso, o judeu não é mais do que um pretexto: em outro lugar, o negro, o amarelo servirão. "
Sartre identificou a causa muito bem!
O "anti" odeia todos que tem valor, não importa a cor da pele ou a raça, o "anti" é contra os talentosos, contra os competentes, é contra o empreendedor que constrói e cria riquezas, é contra os que tem sucesso.
E, no caso dos judeus, eles são competentes, em geral tem sucesso na economia e nas ciências, ganham muitos prêmios Nobel, e em geral ficam bem de vida devido a essa competência, o que desperta o ódio dos invejosos.
O "anti" é a característica do incompetente - o que move o "anti" é a inveja.
O "anti", como diz Sartre, é covarde e só atua em grupos, não tem coragem de enfrentar sozinho a quem odeia.
Para poder ter a possibilidade dessa ação grupal os invejosos fundam ideologias que vão dar abrigo ao seu ódio contra os empreendedores de sucesso.
O "anti" tem como causa a inveja que nutre dos talentosos e do sucesso que eles angariam, sucesso que os invejosos jamais terão.


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Sobre a perfeição

Uma parte dos pensadores são idealistas e filosofam em busca da verdade, da perfeição.
mas, será que eles pensaram criticamente a respeito da possibilidade da verdade, da perfeição, realmente existir?
Acredito que não, pois o que eles realmente buscam é uma ilusão, uma utopia.

Transformações implicam em movimento, então, se uma coisa for perfeita ela forçosamente estará estagnada, imóvel, pois se uma coisa chegou a perfeição ela não necessita mais de transformações.

Uma coisa perfeita seria um produto definitivamente acabado que não necessitaria de mais nenhum aperfeiçoamento e consequentemente, de nenhum movimento.

No Universo tudo se transforma desde o seu início, a nossa estrela, o Sol, é uma estrela de segunda geração, sabemos disso porque alguns planetas que giram em torno do Sol (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) são rochosos, em sendo rochosos eles só podem ter surgido da poeira estelar resultante da explosão de uma estrela de primeira geração que ao explodir espalhou como poeira estelar os átomos pesados que havia gerado no seu interior.

No Universo tudo está em movimento, as galáxias, os aglomerados de galáxias, tudo se move e se transforma.

Em vista disso, na minha opinião, podemos concluir que dentro do Universo não existe perfeição, não existe uma verdade consumada.


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12 de dezembro de 2015

Uma escrava negra que se tornou uma dama da elite mineira em pleno século XVIII.

Francisca (Chica) da Silva, 1731/32 - 1796.
Uma escrava negra que se tornou uma dama da elite mineira em pleno século XVIII.

A escrava Francisca da Silva nasceu no Arraial do Tijuco, atual cidade mineira de Diamantina, era filha de Antônio Caetano de Sá, homem branco do Rio de Janeiro, ele era capitão das ordenanças de Bocaina, Três Cruzes e Itatiaia, distritos de Vila Rica.

Chica herdou a condição de escrava da sua mãe, Maria da Costa, africana da Costa da Mina, Maria era escrava de Domingos da Costa, um negro que era dono de escravos.

Chica foi registrada no Arraial do Milho Verde, no município de Serro Frio, atual Serro.
Na juventude Chica foi escrava do português Manuel Pires Sardinha, proprietário de lavras no Arraial do Tijuco, teve com ele um filho, Simão Pires Sardinha, nascido em 1751.

Manuel Pires Sardinha deu ao filho a alforria e nomeou-o como um de seus herdeiros.
Simão foi educado em Portugal e ocupou cargos importantes no governo e da Corte.

Quando ainda era escrava Chica era tratada nos documentos como "Francisca mulata" ou "Francisca parda", entretanto, já em 1754 Chica foi identificada em um documento como Francisca da Silva.
O sobrenome Silva era comumente adotado por pessoas sem procedência definida.

Chica da Silva, segundo o primeiro relato histórico dela, não era uma mulher bonita, portanto, não foi a beleza física que a fez se tornar a mulher rica e respeitada que foi.

Em 1754 João Fernandes de Oliveira chegou ao Arraial para assumir o cargo de contratador dos diamantes, cargo que tinha sido de seu pai.
Nesse mesmo ano Chica da Silva foi adquirida como escrava por João Fernandes e passou a viver com ele, apesar de não terem se casado.
Com João Fernandes ela teve treze filhos durante os quinze anos em que com ele viveu.
No nascimento da primeira filha, a mãe foi identificada no registro de batismo como "Francisca da Silva de Oliveira", adotando o sobrenome do seu companheiro.
Todos os filhos de Chica foram registrados no batismo como sendo filhos de João Fernandes.
Entre 1755 e 1770 João Fernandes e Chica da Silva moraram na casa localizada na praça Lobo de Mesquita, número 266, em Diamantina.

 Casa onde Chica da Silva morou em Diamantina

Os dois se separaram em 1770 quando João Fernandes precisou retornar a Portugal para receber a herança deixada por seu pai.
Quando voltou para Portugal João Fernandes levou consigo os seus quatro filhos homens, em Portugal eles receberam educação superior e ocuparam postos importantes na administração do reino.
Chica da Silva ficou no Arraial do Tijuco com as filhas e de posse das propriedades deixadas por João Fernandes.

Suas filhas também receberam excelente educação, foram enviadas para estudar no Recolhimento de Macaúbas em Santa Luzia, de onde saíram em idade de se casar, embora algumas tenham seguido a vida religiosa.

Chica da Silva alcançou prestígio na sociedade local e desfrutou de regalias.

Na época as pessoas participavam de irmandades religiosas de acordo com a sua posição sócio econômica, Chica da Silva pertenceu as Irmandades de São Francisco e do Carmo, normalmente para brancos, porém, participou também das irmandades das Mercês, destinada a mulatos, e do Rosário, destinada aos negros.
Assim, Chica conseguiu ter amizades e convivência com todas as pessoas da cidade.

Porém, logo que foi libertada Chica passou a ser dona de escravos que trabalhavam nas atividades domésticas de sua casa.

Faleceu em 1796 e foi sepultada dentro da igreja de São Francisco de Assis pertencente a mais importante irmandade local, da qual ela participava, então, até o fim de sua vida Chica da Silva manteve o seu prestígio.

Dos seus filhos, João Fernandes de Oliveira Grijó, tornou-se o principal herdeiro do pai; José Agostinho recebeu a patente de capitão de milícias no Tejuco; Simão Pires Sardinha, tornou-se nobre e influente na corte.

A história de Francisca da Silva nos mostra duas coisas:

- que um ser humano, mulher ou homem, por mais pobre que seja, até mesmo sendo escravo, se tiver talento, sabedoria e vontade, consegue mudar a sua condição para melhor. Não existe nenhuma barreira social, econômica, racial, que impeça isso.


- que durante a escravidão no Brasil muitos negros não foram escravos (como os 14 filhos de Chica), e dentre os negros livres, muitos deles tiveram escravos negros.


Historiadores brasileiros de meados do século XX para cá, a maioria deles esquerdistas e propensos a criarem mitos que satisfaçam as suas "lutas" ideológicas criaram em torno de Chica da Silva uma personalidade que ela nunca teve, infelizmente essa ação ideológica distorceu o que ela realmente foi - uma escrava que se tornou uma dama da elite mineira.

Obs.Pinturas de Chica da Silva não existem, não se sabe como eram sua fisionomia, porisso não foram colocadas fotos dela.




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